Philippe
Perrenoud
Diferenciação do ensino.
Uma questão de organização do trabalho
Curitiba : Editora Melo
2010
O encontro entre cada aluno e o saber depende da organização do trabalho
Qual é a razão de alguns alunos passarem anos na escola sem aprender
tudo o que ela lhes promete? É porque eles não são colocados, com a
devida frequência, em situações suscetíveis de fazê-los aprender. Quem
aprende são aqueles que investem em cada situação grandes recursos
intelectuais, referências culturais, vontade de aprender, curiosidade,
coragem de enfrentar riscos e mil e um ingredientes que fazem deles
bons alunos. Os outros precisam de situações melhor pensadas, mais
mobilizadoras, melhor adaptadas ao seu perfil, ao seu nível, à sua
maneira de aprender, em suma, situações que criem obstáculos
transponíveis que o aluno terá vontade de transpor. Ora, para serem
ótimas, essas situações deverão ser diferenciadas.
O elemento em jogo é, primeiramente, didático e
pedagógico: conceber, coordenar, fazer evoluir uma situação,
enriquecê-la, complexificá-la ou simplificá-la de forma adequada.
Então, ensinar consiste em guiar e acompanhar um processo de
aprendizagem, agindo sobre a situação e, por meio dessa situação, poder
agir sobre o aluno. Um professor que tivesse todo o tempo do mundo para
se dedicar a um único aluno não inventaria ipso facto as situações
ideais, em particular se o aluno tiver grandes dificuldades ou
recusar-se a enfrentar desafios cognitivos, como um cavalo indócil que
refuga o obstáculo. A otimização de uma situação demanda, antes de mais
nada, uma grande dose de perícia e de inventividade pedagógica e
didática.
Índice