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O ensino não é mais o mesmo !
Faculté de
psychologie et des sciences de l'éducation
Université de Genève
2003
Aqueles que se tornam professores devem se prevenir quanto a algumas desilusões, se têm em mente a imagem clássica do " professor correto ", já ultrapassada, mas que sobrevive em seu imaginário :
Poder-se-ia acreditar que procuro desencorajar as vocações. Absolutamente. Mas ninguém deveria escolher sua profissão "com a cabeça afundada na areia". Ensinar, hoje, é apaixonante, mas é difícil. Nada mais anda por si só. Um humorista inglês disse que alguém se torna professor quando não sabe fazer mais nada. Não é bem assim. Não basta "se resignar" a ensinar, quando sonhou ser escritor, pesquisador ou grande repórter, e se volta à realidade. Ensinar é uma profissão difícil demais para que alguém se engaje nela por comodismo, falta de coisa melhor, ou porque é preciso "ganhar a vida".
A França caminha rumo a uma imensa crise de recrutamento de professores. As pesquisas realizadas com jovens nos dizem que eles são mais atraídos pelas profissões do serviço humanitário, como se ensinar não fosse também um serviço humanitário, como se a aventura humana passasse unicamente pela Cruz Vermelha ou pelos Médicos sem Fronteiras.
Ensinar é trabalho hábil e exigente, bem além do domínio dos conteúdos. Cada uma das dimensões por mim evocadas deveria ser uma razão POSITIVA para a escolha dessa profissão por aqueles que não fogem aos desafios. Esse ofício de mestre, diz Claudine Blanchard-Laville, oscila entre prazer e sofrimento. O sofrimento é constitutivo de uma profissão humanitária : simultaneamente por empatia (participação no sofrimento de alguns alunos ou de seus pais) e por decepção, frustração, sentimento de fracasso ou de impotência. Essa parte de sofrimento só é aceitável se for equilibrada por prazeres profissionais.
Ora, ninguém pode encontrar prazer numa profissão que não tenha alguma relação com o que tinha sonhado. Aí se enraíza o sofrimento de uma parte dos professores. E ninguém pode encontrar prazer se não tem os meios intelectuais e emocionais para encarar as situações profissionais tais como elas são.
De agora em diante, os professores serão todos formados em Institutos Superiores e em Universidades. Importa mais do que nunca prepará-los para a "profissão real", fornecendo-lhes meios para uma prática reflexiva e permitindo-lhes apropriar-se de ferramentas de trabalho eficazes em sala de aula. O prazer de ensinar não se dá sem competências ou sem uma identidade assumida. Essas são as apostas maiores da formação de professores.
Blanchard-Laville, C. Les enseignants entre plaisir et souffrance. Paris : PUF, 2001.
Durand, M. L'enseignement en milieu scolair. Paris : PUF, 1996.
Étienne, R. et Lerouge, A. (1997) Enseigner en collège et en lycée. Repères pour un nouveau métier. Paris : Armand Colin, 1997.
Lang, V. La professionnalisation des enseignants. Paris : PUF,1999.
Meirieu, Ph. Enseigner, scénario pour un métier nouveau. Paris : ESF,1990.
Perrenoud, Ph. Enseigner : agir dans l'urgence, décider dans l'incertitude. Savoirs et compétences dans un métier complexe. Paris : ESF, 1996.
Perrenoud, Ph. Dix nouvelles compétences pour enseigner. Invitation au voyage. Paris : ESF, 2001.
Perrenoud, Ph. Développer la pratique réflexive dans le métier d'enseignant. Professionnalisation et raison pédagogique. Paris : ESF, 2001.
Tardif, M. et Lessard, C. Le travail enseignant au quotidien. Expérience, interactions humaines et dilemmes professionnels. Québec : Les Presses de l'Université Laval et Bruxelles, De Boeck,1999.
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